VERA LÚCIA PEREIRA DE SOUZA
EDUCAÇÃO
ÉTNICO-RACIAL NO ENSINO FUNDAMENTAL: EDUCAÇÃO ESPECIAL
NOVA AURORA
2013
Quando eu nasci, eu era negro.
Quando cresci,
eu era negro.
Quando estou com
medo, eu sou negro.
Quando eu morrer, eu
serei negro.
Quando eu vou ao sol,
eu sou negro.
E você Homem Branco?
Quando você nasceu,
era rosa.
Quando você cresceu,
era branco.
Quando você vai ao
sol, fica vermelho.
Quando você fica com
frio, fica roxo.
Quando você fica com
medo, fica amarelo.
Quando fica doente,
fica verde.
Quando você morrer,
ficará cinza.
Você ainda tem o
topete de me chamar de Homem de Cor, depois de tudo isso, Homem Branco?
Texto:
Autoria desconhecida.
1 INTRODUÇÃO
No
mundo inteiro, como vemos em várias fontes de notícias, as reformas
educacionais, estão sendo marcadas por mudanças na organização curricular, com
discursos em defesa de diferentes modalidades de currículo integrado. Em nosso
País Brasil, a introdução de temas transversais, a interdisciplinaridade e a
definição de competências e habilidades são marcas das reformas curriculares
acontecidas nas duas últimas décadas.
Vários
estudos em nosso País Brasil demonstram que a heterogeneidade étnico-racial é
mais do que uma demanda colocada à sociedade, à escola e ao currículo, para ser
tratada sem preconceitos. Trata-se sim de um elemento importante da
socialização, do conhecimento e reeducação das diferenças, que deve ser
assumida particularmente pelos professores e deste modo, desenvolverem uma nova
atitude profissional fundamentada no respeito à diferença, no reconhecimento
das multiplicidades e na construção de um trato pedagógico da heterogeneidade
de cultura, de valores, de práticas, de aprendizagem, de gênero, de raça.
Penso igual a Silva (2010) que afirma que os
professores, além de qualificados para as áreas de conhecimento, precisam
receber formação para lidar com as tensas relações produzidas pelo racismo,
preconceito e discriminações, a fim de se tornarem sensíveis e aptos de
conduzir uma reeducação das relações étnico-raciais entre os muitos grupos
étnico-raciais.
Na verdade, se é inadmissível defender a exclusão das
comunidades heterogenias da vida escolar, é igualmente inadmissível sustentar
ambiguidades que ponham em causa a autonomia científica e a dignidade
profissional do corpo docente.
A escola deve contribuir para
preparar um futuro com uma dada concepção da vida em sociedade.
Portanto,
contribuir para o respeito às heterogeneidades humanas, para recriar a paz,
para reduzir a violência e para forjar um projeto do viver em conjunto em
sociedade.
Com
este curso tive a oportunidade de conhecer um rico material sobre a Educação
Étnico-Racial, e, esse material já esta fazendo diferença na minha pratica profissional.
Trabalho com alunos com
deficiência intelectual e múltipla deficiência, que muitas, vezes são ignoradas
por muitas pessoas, vejo o quanto os nossos educandos se sentem jogados a
margem. As pessoas negras também passam por preconceitos, por estigmas, onde
muitos acham que a cor da pessoa determina a sua inteligência.
Creio
que preconceitos inofensivos não existem, todos os preconceitos fazem sofrer na
alma e na carne. Precisamos estar vigilantes constantemente a filmes de cinema,
novelas de TV, relatórios em todos os círculos de comunicação. E denunciar o
cometimento de atos preconceituosos e discriminatórios. Mas igualmente educar,
ensinar o público, divulgando como e aonde os preconceitos e discriminações se
apresentam. Acredito que, vale a pena o trabalho de conscientizar a sociedade.
Todas as ocasiões que interferimos, fazemos a diferença: a cada interferência,
adicionamos um tijolo na edificação de uma sociedade inclusiva e justa.
Assim,
acredito que podemos aprender uns com os outros para sermos mais e fazermos
mais, mas, para isso necessitamos enxergar os outros, dar importância aos
outros, sentir ausência dos outros, dessa ampliação de horizontes que
representam. Não satisfaz, assim, falar não à discriminação. É necessário falar
sim à heterogeneidade por meio de práticas que supõem inclusão e gestão da heterogeneidade,
que é o que este curso esta me proporcionando, pois, os materiais oferecidos
pelo são excelentes e apresentam um grande conhecimento a respeito da educação
étnico-racial.
Assim, escolhi o Tema Educação Étnico-Racial no Ensino
Fundamental: Educação Especial, pois, constantemente, na educação especial,
estamos lutando e mostrando para as pessoas os direitos das pessoas com
deficiência e agora, dando continuidade a esse trabalho, demonstrar também, a
importância de se preservar os direitos de todas as pessoas, não importando se
são pessoas com deficiência ou não, se são pessoas negras ou não, se pessoas
indígenas ou não, todos perante a nossa Carta Magna, tem direitos iguais e de
fazer parte da nossa sociedade.
2 JUSTIFICATIVA
A
Escola “Novo Amanhecer” – Educação Infantil e Ensino fundamental, na Modalidade
Educação Especial – APAE de Nova Aurora oferece atendimento educacional aos
educandos com deficiência intelectual e múltipla deficiência. Apresenta
currículo, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específica para
atender as necessidades dos educandos com deficiência intelectual. Nas questões
relevantes ao trabalho é observada sua efetiva integração na vida em sociedade,
inclusive oferecendo condições adequadas para os que não revelam capacidade no
trabalho competitivo, bem como aqueles que apresentam capacidade nas áreas
artística, intelectual e psicomotora.
A
Escola “Novo Amanhecer” oferece atendimento pedagógico, psicológico,
estimulação precoce, Educação Musical, Educação Física e Artes, e ainda, em
horário diferenciado às aulas e aos que necessitam oferece atendimento
fonoaudiológico, fisioterapêutico, terapia ocupacional, psiquiatria, serviço
social e psicologia.
Diante
dessas atividades são trabalhados conteúdos relacionados a crianças, jovens e
adultos, como higiene pessoal e no meio familiar, a socialização do meio em que
vive família, escola e comunidade. Trabalha, ainda, com educandos a educação profissional,
que são os cursos livres como: confecção de cestas, artesanatos, limpeza
doméstica, oficina de culinária, oficina de biscuit, reciclagem de tecido,
reciclagem de madeira, oficina de crochê e bordado.
No que tange as relações de trabalho na Escola “Novo
amanhecer”, pode-se dizer que a ação e a atuação não estão centradas em um
único profissional. Procura-se, constantemente, promover um trabalho multi e
interdisciplinar.
Assim, não apenas o diretor, mas,
inclusive, a equipe pedagógica, professores, funcionários e profissionais da
saúde procuram analisar, discutir e auxiliar na tomada de decisões e
realizações de projetos. Além disso, todas as pessoas envolvidas, direta ou
indiretamente com o contexto sócio escolar, são informados acerca das medidas
tomadas ou ainda convidadas a participar na tomada de algumas decisões, o que
inclui, necessariamente, pais, responsáveis e alunos.
Além disso, as diferenças
individuais são respeitadas, ao passo que as qualidades e potencialidades dos
profissionais são valorizadas e estimuladas. Acredita-se que a oportunidade de
todos os membros participarem de ações coletivas permite uma responsabilização
também coletiva por aquilo que esta sendo feito, uma vez que a ação realizada
em conjunto destina-se a todos os atores envolvidos com a comunidade educativa.
Não obstante da nossa Carta Magna Brasileira que,
define, que todas as pessoas são iguais ante a lei e dessa, interpretamos que
todas as pessoas tem o direito de se verem representado historicamente,
infelizmente, as práticas demonstram o contrário.
É necessário lembrar que faz parte do ideário da escola
e da sociedade em geral, fazer a transformação social e atuar pró ativamente na
formação da identidade possível e que não falta momento para a apreciação e discussão
crítica e contextualizada da realizada, utilizando para isso textos e imagens.
Assim, a escola e a sociedade, necessitam estar atentos e cuidadosos em relação
às escolhas feitas para a prática pedagógica e prática social, pois, as nossas
atuações transcendem o planejamento.
Creio que a diferença das pessoas,
seja pela idade, deficiência, raça, gênero ou condição econômica, não diminui
seus direitos; elas gozam de todos os direitos afiançados na legislação
brasileira.
O
nosso Brasil é, sem dúvida, um país parcial. Injusto com as pessoas com
deficiências, com as pessoas negras, com as pessoas indígenas, com as pessoas
excluídas de um modo geral. Mas, também, é um país generoso, potencialmente
rico e inclusivo, que vem procurando atingir a sua plenitude, com coragem e
determinação.
Essa
coragem deve ser fundamentalmente, coletiva, pois enquanto as deficiências
assinalam as diferenças sociais e individuais, a construção da plenitude junta
a todos, sem distinções, no sonho da nação próspera e equitativa para todos.
Assim, todos têm que ir ao meio para edificarmos, juntos, a sociedade inclusiva
que, transformará nossas limitações e deficiências individuais em plenitude
coletiva.
Os
direitos humanos são para todos, é preciso ter em mente toda a heterogeneidade
dos seres humanos, avaliando as demandas de gênero, orientação sexual,
religião, opinião política, circunstância econômica, raça, cor, origem social,
etnia, nacionalidade, profissão, deficiência, idade, nível educacional,
situação matrimonial, entre outras. É necessário lembrar-se de homens e
mulheres, de gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, transgêneros e travestis.
Tem-se que abranger agnósticos, cristãos das várias designações, mulçumanos,
judeus, budistas, messiânicos, xintoístas, esotéricos, espíritas, ciganos,
seguidores do candomblé, da umbanda, do catimbó, do Santo Daime, e de outros
milhares de tradições e cultos religiosos existentes no nosso planeta.
É
imprescindível respeitar os socialistas, os comunistas, os conservadores, os
liberais, quem está à esquerda, quem está à direita ou ao núcleo. Tem que se
cuidar dos mais pobres, da classe média, dos ricos, dos abastados, dos
empresários, dos empregados, dos ambulantes, dos autônomos, dos artesãos, dos
pescadores, dos lavradores, das empregadas domésticas, dos servidores públicos,
dos professores, médicos, policiais e dos desempregados.
Não se
pode deixar de lado nem pessoas brancas, nem pessoas negras, nem pessoas
indígenas, nem pessoas asiáticas, nem pessoas mestiças, nem pessoas sulistas,
nem pessoas nortistas, nem pessoas nordestinas, nem pessoas da cidade, nem
pessoas do campo, nem pessoas da floresta, nem pessoas do litoral ou nem
pessoas da serra, nem pessoas brasileiras, nem pessoas estrangeiras, nem
pessoas refugiadas. Não pode esquecer-se das crianças, das pessoas
adolescentes, das pessoas adultas, das pessoas idosas, dos bebês, dos fetos,
das gerações passadas e futuras.
Devem-se
incluir pessoas com: deficiência física, deficiência auditiva, deficiência
visual, deficiência intelectual, as pessoas com mobilidade reduzida e pessoa
com deficiência múltipla. Tem-se que abranger analfabetos, semianalfabetos,
analfabetos funcionais, educandos, graduados, mestres, doutores e pós-doutores,
solteiros, casados, desquitados, separados, divorciados, os que vivem em união
estável, os casais homossexuais e heterossexuais.
Somos
um país multirracial e multiétnico. Mas, não é só isso. Nossa identidade
necessita ser reconhecida e estimada na sua extensa heterogeneidade,
considerando aspectos físicos, psíquicos, culturais, religiosos, geracionais,
entre outros.
Essa é
a réplica que precisamos vivenciar: Todos são todos! Sem eliminar nenhuma
pessoa! Eis o nosso continuado desafio: Juntos
procurando a efetividade dos direitos e deveres de todos.
3 FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA
O
conceito de raça implica o conhecimento de algo definitivo e biológico, sendo
fundamentado nas propriedades biologicamente fundamentadas, o conceito de
etnicidade não pressupõe nada congênito, trata-se de um acontecimento meramente
social, produzido e reproduzido ao longo do tempo, aonde por meio da
socialização o indivíduo assimila os modos de vida, regras e crenças de suas
comunidades. Observa-se que a etnicidade pode ser central para a identificação
do indivíduo e do grupo oferecendo uma linha de continuação com o passado,
alimentada viva por meio das práticas das tradições culturais, não sendo
estática nem durável, mas alterável e adaptável.
Nesse
sentido, o sentimento de pertencimento a uma etnia pode ser expresso pela palavra
etnicidade. As crenças em uma identidade comum, especialmente por parte dos
grupos sociais que foram historicamente subordinados aos imperialismos
universalistas (romano, europeu, norte-americano, etc.), fomentaram lutas e
resistências de povos vizinhos que, antes mesmo da chegada dos dominadores, se
relacionavam como fronteiriços e adversários pelo aproveitamento das ecologias
locais. Essa identidade étnica, a etnicidade, se mostra sempre em movimento e
motivada por sentimentos e afetividades em torno das sociabilidades cotidianas:
nós e eles, que são, à primeira vista, denominações de
identificação difusa, definem exatamente as nossas experiências e as nossas
imaginações sobre as experiências que não são nossas e que, por isso mesmo,
estranhas a nós, são dos outros. (FLORES, 2008, p. 25).
Frente a estas considerações, percebe-se que a identidade cultural, por fim,
pode ser entendida como um processo de incorporação de conhecimentos e da
cultura do local onde se vive. A raça, por sua vez, é algo definitivo e
biológico. A etnicidade, com um significado puramente social, refere-se às
práticas e às visões culturais de determinada comunidade de pessoas e que as
distingue das outras como a língua, história ou linhagem, religião, estilos de
roupas, adornos e hábitos.
A lei maior que rege o país, a
Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988, em
que pese as suas várias emendas, é um excelente instrumento para iniciar
reflexões, realizar atividades pedagógicas ou propor ações afirmativas nos
assuntos relativos às identidades étnicas. (FLORES, 2008, p. 25).
Desse
modo, será possível a crítica à escola excludente e a constituição de atuações
verdadeiramente propositivas em nome da justiça social. O conhecimento da
humanidade em sua historicidade acende abertura para isso, uma vez que permite
aos indivíduos, por exemplo, condições para lutas políticos conscientes e a
constituição de identidades em que as relações de etnicidade podem ser
consideradas relações de poder e marcadas por formas de resistência.
A Constituição Federal de 1988, nomeada de Constituição
cidadã, em seu artigo 5º, “instituiu a discriminação racial como prática de
crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da
lei”. Essas práticas discriminatórias ligadas à exclusão social evitam muitos
brasileiros de terem uma existência completa da sua cidadania. É possível
afirmar que a “Carta Magna” agrupa algumas das históricas exigências dos
Movimentos das Pessoas Negras no que diz respeito à discriminação racial, o que
comprova um relativo avanço desta matéria no campo do poder legislativo.
(BRASIL, 1988).
No que se refere nomeadamente à Educação, o artigo 27,
inciso I, da Constituição Federal destaca que os conteúdos curriculares da
Educação Básica precisarão analisar “a difusão de valores fundamentais no
interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos de respeito ao bem comum
e a ordem democrática”. (BRASIL, 1988).
A LDB, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(Lei nº 9.394/96), tem como um dos desafios regulamentar a atuação da União
para gerir o modelo educacional brasileiro, estabelecer em colaboração com
estados, distrito federal e municípios, dando diretrizes que nortearão os
currículos e seus conteúdos mínimos. (BRASIL, 1996).
A LDB, embora existam diversas lacunas, coopera para
colocar na pauta de discussões demandas referentes à heterogeneidade cultural e
a pluralidade étnica. (BRASIL, 1996).
Pautada nesta legislação nascem os PCNs (Parâmetros
Curriculares Nacionais) que, embora não sejam normativos entram no dia-a-dia
das escolas com esse caráter e é adotado como instrumento legal por muitos
gestores e professores. (BRASIL, 1997).
Já as indicações expressas nos PCN’s para se trabalhar
nas escolas de Ensino Fundamental e Médio é trazer à tona debates que afligem a
sociedade contemporânea como: Meio Ambiente, Sexualidade e Pluralidade
Cultural, levantando demandas para que os profissionais da educação possam se
auxiliar e lidar com menos preconceito a respeito desses temas. Também de
acordo com o citado documento, a atitude laica da escola pública torna-se
imprescindível no cumprimento do dever do Estado, referente ao estabelecimento
global de uma educação democrática, voltada para o aperfeiçoamento e a concretização
de liberdades e direitos fundamentais da pessoa humana. O aproveitamento e o
aperfeiçoamento da legislação são cruciais, porém insuficientes. Os direitos
culturais e a criminalização da discriminação atendem aspectos referentes à
proteção de pessoas e grupos pertencentes às minorias étnicas e culturais. Para
cooperar nesse procedimento de superação da discriminação e de construção de
uma sociedade equitativa, livre e fraterna, o processo tem de tratar do campo
social, voltados para a formação de novas condutas, novos vínculos, em relação
àqueles que de acordo com a história foram alvos de injustiças, que se
manifestam no dia-a-dia. (BRASIL, 1997).
Assim, de acordo com as diretrizes dos PCNs, a
escola necessitaria colaborar para que princípios constitucionais de equidade
fossem viabilizados, mediante atuações em que a escola trabalharia com demandas
da heterogeneidade cultural, indicando a necessidade de se conhecer e
considerar a cultura dos múltiplos grupos étnicos. Na área educacional, a heterogeneidade
social dominou as preocupações de pesquisadores (as) e educadores (as) durante
as décadas de 1960 a 1980 no Brasil. A partir da década de 1990, a demanda da diferença
se sobressaiu na pauta de estudos e nomeadas de inovações, como separo nesse fragmento
dos PCN - Pluralidade Cultural:
A perspectiva transversal
aponta uma transformação da prática pedagógica, pois rompe a limitação da
atuação dos professores às atividades formais e amplia a sua responsabilidade
com a sua formação dos alunos. Os Temas Transversais permeiam necessariamente toda
a prática educativa que abarca relações entre os alunos, entre professores e
alunos e entre diferentes membros da comunidade escolar. a inclusão dos temas
implica a necessidade de um trabalho sistemático e contínuo no decorrer de toda
a escolaridade, o que possibilitará um tratamento cada vez mais aprofundado das
questões eleitas. Por exemplo, se é desejável que os alunos desenvolvam uma
postura de respeito às diferenças, é fundamental que isso seja tratado desde o
início da escola e continue sendo tratado cada vez com maiores possibilidades de
reflexão, compreensão e autonomia. (BRASIL, 1997b, p. 30).
Mais recém essa estrutura jurídica-normativa é
acrescido da Lei 10.639 de 9 de janeiro de 2003 que altera a LDB “para incluir
no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática História e
Cultura afro-brasileira”. Com o desígnio de viabilizar a implementação da lei,
são organizadas as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das
Relações Étnico-raciais e para o ensino de História e cultura afro-brasileira e
africana, consentida pelo Conselho Nacional de Educação em 10 de março de 2004.
Nos seus apontamentos as diretrizes assinalam para que “estas condições
materiais das escolas e de formação de professores são indispensáveis para uma
educação de qualidade, para todos, assim como o é o reconhecimento e
valorização da história, cultura e identidade dos descendentes de africanos
(Diretrizes Curriculares)”. (AGUIAR, 2009).
4
OBJETIVOS
4.1
Objetivo Geral
Promover atividades que estabeleçam o
desenvolvimento de ações de valorização e respeito da história das pessoas
africanas e da cultura afro-brasileiras e da diversidade na construção
histórica e cultural do país.
4.2
Objetivos Específicos
- Socializar entre toda comunidade escolar a
cultura negro-africana.
-
Promover a formação humana a partir dos conhecimentos estudados.
- Valorizar a cultura das pessoas negras e seus
afrodescendentes e afro-brasileiros, na escola e na comunidade.
5 DESENVOLVIMENTO
O desenvolvimento do projeto estará de acordo com as
atividades temáticas trabalhadas na Escola “Novo Amanhecer” e será feito de
acordo com as necessidades das turmas e a realidade local, estabelecendo o
problema e a proposta de conteúdo para a sala de aula. O tema será desenvolvido
na sala de aula por meio de atividades para a sua exploração, sistematização e
para a conclusão dos trabalhos. Os alunos com deficiência intelectual e múltipla
deficiência farão observações diretas no entorno familiar, observações
indiretas em desenhos e/ou vídeos, experimentações e leituras. Assim, serão
feitas várias atividades, descritas, logo abaixo:
A primeira atividade
será um vídeo intitulado “Gestão Educacional
para Diversidade” repassado a todos os professores. O vídeo aborda formas como os professores podem construir com as
crianças, a partir de questionamentos dos próprios alunos, o princípio de que
as diferenças entre os seres humanos são um valor, não motivo de discriminação.
O vídeo discute propostas pedagógicas voltadas para a construção de uma escola
que forme cidadãos conscientes do valor de seu pertencimento étnico-racial, em
especial as pessoas descendentes
de africanos. Vídeo com duração de 52 minutos. Série: Salto para o Futuro. Disponível em: <http://tvescola.mec.gov.br/index.php?item_id=5726&option=com_zoo&view=item>.
de africanos. Vídeo com duração de 52 minutos. Série: Salto para o Futuro. Disponível em: <http://tvescola.mec.gov.br/index.php?item_id=5726&option=com_zoo&view=item>.
5.1
Público-Alvo: Educandos da Educação de Jovens e Adultos –
EJA e do Ensino Fundamental – Série Inicial - com deficiência intelectual e
múltipla deficiência.
5.2
Perfil das turmas: A maioria do educandos dessas turmas não
dominam a leitura e a escrita.
5.2.1 Período de Implementação
do Projeto: 1º Bimestre do ano letivo de 2014.
5.3 Dados da Atividade
O que o educando
com deficiência intelectual e múltipla deficiência poderá aprender com esta atividade:
- Aprender a respeito da diversidade cultural e
lúdica dos países das pessoas africanas, por meio dinâmicas e brincadeiras
populares deste continente.
- Aprender os regulamentos e estimular o pensamento
logico-estratégico das educandos com deficiência intelectual e múltipla
deficiência por meio dos jogos.
- Aprender a desenvolver a percepção do próprio
educando com deficiência em relação ao tempo e espaço em que se concretizam os
movimentos das brincadeiras.
5.4 Duração das atividades
Cada atividade terá um tempo aproximado de 30
minutos.
5.5 Atividade 1 – Onde tudo começou
Duração: 30 minutos
Material: vídeos da
internet
Local: sala de apoio
pedagógico no computador
Para iniciar o tema dos jogos e brincadeiras provenientes
de países das pessoas africanas as
professoras do Ensino Fundamental e da EJA, farão uma breve contextualização
sobre a diversidade cultural e natural do continente africano por meio de
vídeos da internet.
5.5.1 Vídeos que serão utilizados na aula
- Reportagem
produzida pela EPTV Campinas, afiliada da Rede Globo, sobre a África. Uma
viagem pela vida selvagem da África do Sul, Botswana, Namíbia, Zimbabwe e
Zâmbia. Duração: 5’23”. Disponível em:
- Reportagem
produzida pela EPTV Campinas, afiliada da Rede Globo, sobre a África. Uma
viagem pela vida selvagem da África do Sul, Botswana, Namíbia, Zimbabwe e Zâmbia.
Duração: 8’55”. Disponível em:
- Imagens de
cidades do continente das pessoas africanas que, não são mostradas nos livros
didáticos. Somente com uma boa pesquisa, podemos ver o outro lado do continente
africano que não nos é mostrado. Duração: 5’44”. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=3vllE0-Xuo0&feature=related>.
- Histórias Animadas - A Cor da Cultura -
Bruna e a Galinha d'Angola. Vídeo: Contribuição para
Procedimentos Didático-Pedagógicos Aplicáveis em História e Cultura
Afro-Brasileira- UFRGS. Duração: 6’25”. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=eqvqBT41lWY>.
- História: Menina Bonita do
Laço de Fita. Duração: 5’25”. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=gzMdC-Hwo2I>.
Após assistirem aos vídeos,
as professoras solicitarão aos educandos com deficiência que, façam desenhos
representando o que assistiram nos vídeos. As professoras pedirão aos educandos
que façam uma leitura dos desenhos feitos. Por meio desta atividade as
professoras instigarão os educandos com deficiência sobre a cultura
étnico-racial, explorarão o respeito ao nosso planeta e a todos as pessoas que
vivem em nosso planeta. As professoras explicarão que, é muito bom termos uma
diversidade de etnias em nosso país. Esta atividade será a oportunidade de promover
o respeito pelas várias etnias existentes.
Vídeo:
Breve História da Cultura Africana. Um apanhado maravilhoso sobre a cultura
africana de um modo geral. Religião, costumes, ritmos, paladar, linguagem... Um
breve histórico expositivo de tudo. Duração:
10’38”. Disponível: <http://www.youtube.com/watch?v=RPzxt1iZGiA>.
5.6 Atividade 2 – Dinâmica das Cores
Recursos necessários:
- Lápis de cores (várias
cores e/ou giz, também de várias);
- Aparelho de som.
As professoras levarão um
aparelho de som para a sala de aula e colocará uma música suave. Espalharão
vários lápis ou gizes de cera, de várias cores, sobre a mesa e pedirão para que,
os educandos com deficiência possam escolher a cor que mais lhes agrada. Terão
cores iguais e cores diferentes. As professoras conversarão com os educandos
sobre como seria o mundo se tudo fosse de uma só cor... vermelho, por exemplo;
e se tudo fosse azul? Ou branco? Será que os educandos comeriam uma banana
azul? Ou um morango cinza? Sim? Não? Por quê?
As professoras perguntarão
se é bom haver cores diferentes e por quê.
Depois, as professoras
pedirão que os educando com deficiência olhem uns para os outros. Assim como as
cores, cada um é diferente. Muitas coisas variam: cor e tipo de cabelo, formato
e cor dos olhos, tamanho do nariz, altura, cor da pele... As professoras
perguntarão que cor de lápis ou giz é mais parecida com a cor da pele de cada
um. (Caso algum educando com deficiência diga que sua cor é “feia”, as
professoras trabalharão, que não existe cor feia, que as cores fazem parte das
nossas vidas).
5.7
Atividade – 3
Será apresentado o desenho
animado “A história de Kirikou”. O
desenho animado mostra o cotidiano de uma aldeia senegalesa e retrata uma lenda
da África Ocidental. Duração: 23’31”. Disponível em:
Após os educandos com
deficiência intelectual e múltipla deficiência assistirem ao desenho animado,
os educandos montarão um painel, com recortes de revistas, jornais, sobre a
cultura africana.
5.8
Atividade – 4
As professoras, juntamente com os educandos
com deficiência procurarão em revistas, na internet, livros, jornais, figuras
de personagens de pessoas negras ou afros descendentes, para conversação e
montagem de um painel. As professoras, também, farão a leitura de algumas
biografias de pessoas negras: Pelé, Mandela, Zumbi dos Palmares. Após montagem
do painel, o mesmo será exposto para que toda a Escola possa ver e fazer uma
reflexão sobre a vida das pessoas negras no Brasil e no mundo.
6 AVALIAÇÃO
A avaliação ocorrerá em qualquer período do
procedimento educacional, de forma contínua e diagnóstica; com a finalidade
primordial de rever a própria prática docente criando novas possibilidades para
estimular os educandos com deficiência intelectual e múltipla deficiência a
desenvolverem-se suas potencialidades levando em conta, especialmente, os
avanços individuais dentro da coletividade e a participação no desenvolvimento
de todas as atividades (de acordo com as peculiaridades de cada educando) no
transcorrer do projeto.
Também, ao final das atividades,
as professoras pedirão aos educandos que relatem para os pais tudo que foi
aprendido na aula. As professoras solicitarão aos educandos, que peçam aos pais
para escreverem, um breve comentário, sobre as atividades que foram
desenvolvidas durante a implementação do projeto.
REFERÊNCIAS
AGUIAR,
M. A. da S. (org.) [ ] Educação e
diversidade: estudos e pesquisas. Marcia Angela da Silva Aguiar, Ahyas
Siss, Iolanda de Oliveira, Janete Maria L. de Azevedo, Márcia Soares de Alvarenga,
Petronilha Beatriz G. e Silva, Rachel de Oliveira. (orgs.) [ ]. Recife: Gráfica
J. Luiz Vasconcelos. Ed., 2009. Disponível
em:<http://www.ufpe.br/cead/estudosepesquisa/textos/artigos_vol_2.pdf>.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988.
Texto Compilado. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de
dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf>.
BRASIL. Lei n. º 10.639, de 09.01.03. Altera
a Lei no 9.394,
de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade
da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras
providências. BRASÍLIA. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm>.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais /
Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. 126p. Disponível
em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf>.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Apresentação dos Temas
Transversais – Ética. Secretaria de Educação Fundamental – Brasília- MEC / SEF,
1997b. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro081.pdf>.
FLORES, E. C. Nós e eles: etnia,
etnicidade, etnocentrismo. Direitos Humanos: capacitação de educadores. João
Pessoa: Editora Universitária / UFPB, 2008, v. II.
SILVA,
P. B. G. Escola e Discriminações: negros, índios, cultura erudita. In: SOARES,
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